terça-feira, 27 de abril de 2010

Proposta 3 - Cor

A cor é um dos elementos mais importantes de qualquer imagem, seja esta fotografada ou desenhada. Com diferentes cores podemos mudar completamente o sentido e o significado de uma imagem, podemos pô-la mais alegre ou mais triste, mais infantil ou mais séria dependendo de qual for a nossa intenção.
O primeiro diagrama circular das cores foi desenvolvido por Sir Isaac Newton, em 1966. A partir daí, cientistas e artistas têm estudado e desenhado variadas vertentes deste mesmo conceito1.
Quando a visualização das imagens é feita no computador esta componente pode trazer alguns problemas. Isto acontece uma vez que as cores podem mudar de ecrã para ecrã (consoante a marca de computador com que se trabalha) e também porque todos nós vemos as cores de maneira diferente dos outros.
Existem diferentes tipos de cor. As mais “básicas” são as cores primárias - magenta, amarelo e azul -, as seguintes são as cores secundárias – verde, cor-de-laranja e violeta -, que são formadas com a junção de duas das cores primárias. Por fim, existem também as cores terciárias, que são compostas por uma cor primária e uma cor secundária ou pela mistura das três cores primárias1.
As cores devem ser dispostas, em qualquer imagem, de forma a dar a ideia de harmonia a quem olhe para essa imagem1. Esta preocupação faz com que seja agradável olhar para as imagens. De outra maneira, a imagem pode ser caótica e chocar quem olha, mas isto só deve ser feito se houver uma intenção clara do artista em mostrar esse lado e se as pessoas já estiverem predispostas a olhar para esse tipo de imagem.
Ainda seguindo o ponto referido acima, isto pode ser explicado pelo facto de as pessoas estarem confortáveis quando olham para coisas que lhes são familiares2, e que estão habituadas a ver.
Passando ao trabalho propriamente dito, mudei as cores de um logótipo, de uma imagem de publicidade institucional e de um quadro famoso de Van Gogh.




O primeiro (o logótipo) é de uma marca conhecida de refrigerantes, a Pepsi. As cores foram mudadas de uma maneira a tornar a marca mais direccionada para as crianças, mais infantil. Para isso, as cores, que originalmente era na base do azul, do branco e do vermelho, passam as ser o amarelo, o cor-de-laranja, o verde e o lilás, que representam a criatividade, o movimento, a energia e o poder, respectivamente3. Todas estas cores foram usadas num tom quase fluorescente de modo a causar ainda mais impacto. Através desta mudança, a marca passou a parecer mais divertida e mais jovial.




A segunda imagem é parte de uma publicidade institucional à sociedade americana do cancro. Esta retratava uma criança com uma cara e postura que transmitiam a tristeza que sentia. Por trás, e em contraste, via-se o céu azul e a relva verde e a frase “Let my colors out”. Depois das cores mudadas, a paisagem adequa-se mais ao estado de espírito da criança. Isto é, o céu foi mudado com cores escuras como diferentes tipos de cinzento e preto. A relva é agora castanha. Todas estas cores representam o silêncio, a morte, a dor, o pessimismo e a seriedade4. Todo este ambiente faz com que a imagem pareça mais dramática, o que se adequa à situação que, supostamente, a personagem vive.




Por fim, a terceira mudança foi feita a uma famoso quadro de Van Gogh, onde está desenhado um vaso com flores, cujas cores estão entre o amarelo e o castanho e algumas até parece que já estão secas. A minha intenção, aqui, foi dar vida a estas flores em particular e ao quadro, em geral. Para isso, as cores usadas para as flores foram vários tipos de amarelo, cor-de-laranja e verde. Para o resto da imagem foi utilizado o azul, o cor-de-rosa, e um tom de amarelo. Todas estas cores dão vida ao quadro, fazem lembrar a Primavera enquanto no quadro original a estação representada era mais o Outono.
Este proposta provou como as cores podem mudar radicalmente o significado de uma imagem, consoante o desejo do artista

1 http://www.colormatters.com/colortheory.html
2 http://www.colormatters.com/symbolism.html
3 http://designbp-luis.blogspot.com/2009/03/significado-das-cores.html
4 http://www.grito.com.br/artigos/fabricio002.asp

terça-feira, 13 de abril de 2010

Proposta 2: Tipografia

Memória descritiva da proposta 2

“É uma arte sem a qual todo o design para estar incompleto”1, esta é uma das muitas definições de tipografia que podemos encontrar. Para além disto, é acrescentado que a tipografia não é uma ciência para a qual precisamos de seguir regras1. Podemos, então, dizer que é uma arte “livre”, uma vez que não é obrigada a seguir certos cânones. O elemento tipográfico básico é o carácter, que tanto pode ser uma letra, um número ou um sinal de pontuação2. Para que o trabalho seja apelativo e tenha interesse visual é importante que seja feita uma escolha adequada de fontes tipográficas3. Uma fonte é um conjunto de glifos tipográficos, em dado peso e corte4. Existem muitos tipos de fontes e todas devem ter os seus caracteres desenhados com formas originais, diferentes das outras fontes4. Para uma boa escolha de fontes para o trabalho tipográfico, deve-se ter em conta a relação, ao nível estético, de umas fontes com as outras no mesmo documento, isto é, o design dos caracteres, as formas características, os espaçamentos e a relação entre os diferentes cortes…4 Todos estes factores devem ser combinados de forma a haver convergência entre o que foi feito e o conteúdo abordado4.
Passando ao trabalho propriamente dito, foi feita uma tipografia para três dos heterónimos de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Cada tipografia, por sua vez, tem três elementos: o nome, parte de um poema de cada um e um texto de cerca de 24 linhas sobre cada um. Em geral, este foi um projecto muito trabalhoso, visto que obrigou-me a ser minuciosa e a prestar atenção a todos os pormenores. O primeiro, Álvaro de Campos, é uma personagem bastante confusa, que nunca, durante a sua “vida”, conseguiu atingir a estabilidade, por isso vivia em constante frenesim. Para além disso, tinha uma personalidade subversiva e vanguardista. Este não conseguiu ter uma vida estável, já que passou por várias fases: a decadentista, a futurista e a pessimista.
Na minha tipografia tentei fazer passar tudo isso para quem a vê. Para o nome foram usadas fontes como Bodoni MT Black e Cooper Black. Estas, como quase todas as fontes utilizadas para este heterónimo, são fontes com os traços grandes, para dar a ideia de força. A maneira como está disposto o nome revela a inconstância em que Álvaro de Campos viveu toda a sua vida.
Os versos têm fontes como Arial Black, Rockwell Extra Bold e Berlin Sans FB Demi. Mais uma vez, como acontece ao longo de toda a tipografia de Álvaro de Campos, estas fontes traduzem a ideia de força e até de uma certa agressividade e violência. Através da disposição dos versos pode ser inferida a ideia de caos, de fúria, como diz no próprio verso, de instabilidade e de inconstância.
Por fim, no texto foram usadas, para além de algumas das que foram referidas acima, fontes como Franklin Gothic Heavy e Playbill, uma vez mais com a mesma intenção com que foi usada nas outras duas composições. Porém, aqui foi acrescentado um pormenor. Também foi usada a fonte Arial e outras parecidas com a função de dar fazer o texto parecer escrito à máquina, uma vez que o vanguardismo e modernismo de Campos o faziam estar muito ligado a tudo o que era inovação, nomeadamente os “maquinismos”. Esta parte está composta de maneira a fazer lembrar um raio, por causa da aqui já dita personalidade intempestiva e inconstante do heterónimo.
Em suma, toda a tipografia de Álvaro de Campos se baseia na sua personalidade sui generis e nas características que faziam com que fosse apelidado de modernista.
Passando a Ricardo Reis, esta tipografia é também baseada na sua personalidade, que não é em nada parecida com a de Álvaro de Campos. Este heterónimo é o oposto do anterior, ou seja, vive a vida de acordo com ideais completamente diferentes. A calma é uma das suas características, tal como a serenidade e vive consciente da efemeridade da vida. É também muito controlado, não cedendo aos impulsos dos instintos. Não vive com ilusões, mas tenta encontrar a felicidade, ainda que esta seja relativa, através da indiferença à perturbação. É um poeta neoclássico neopagão, uma vez que crê nos deuses e nas presenças quase divinas que habitam todas as coisas.
Considerando todas estas características, o nome de Ricardo Reis foi escrito com uma única fonte (Vivaldi) e disposto de uma forma muito simples, para passar essa mesma simplicidade que lhe é característica. Os versos também só tiveram uma fonte (French Script MT) pelo mesmo princípio e foram dispostos de maneira a criar dois círculos perfeitos, que simbolizam a sua busca (ainda que contida) pela felicidade, o que também pode simbolizar a perfeição, visto que a felicidade plena quase nunca é encontrada.
Por fim, para o texto acerca de heterónimo foram utilizadas fontes como Edwardian Script ITC, Kunstler Script e Freestyle Script. Todas estas fontes, como as referidas acima, mostram o caractér clássico que sempre esteve presente na vida de Ricardo Reis. São fontes que passam a ideia de uma certa imponência não por serem grandes mas por, na minha opinião, estarem associadas a documentos antigos escritos por pessoas que tinham uma certa importância na sociedade. As palavras foram assim distribuídas de maneira a ficar parecido com um monumento clássico que tinha forma de arco, que, por sua vez, também primava pela simplicidade.
Em suma, esta tipografia está muito ligada a aspectos clássicos, que se distinguiam pela sobriedade e pela moderação, tal como Ricardo Reis.
Por último, passamos para Alberto Caeiro, personagem muito ligada à natureza, acima de tudo. Este heterónimo é apelidado de mestre, um facto que pode ser contraditório, uma vez que era o menos escolarizado de todos os heterónimos. É o poeta das sensações, do presente, recusa o pensamento, os sentimentos e tudo o que seja metafísico, já que tudo isto acaba por desvirtuar a realidade. Caeiro vê a natureza em constante renovação o que faz com que também ele viva “renovado”. Aproveita cada momento da vida e cada sensação sem necessitar de explicações para o mundo.
Esta tipografia foi quase totalmente baseada em elementos da natureza, devido à forte ligação que o heterónimo tem com a mesma. Para o nome foi usada a fonte Comic Sans MS, e as palavras foram dispostas em linha sem mais nada. Optei por este caminho, uma vez que toda a vida de Alberto Caeiro se pautou também pela simplicidade, recusando exageros.
Nos versos foram usadas fontes como Century Gothic e Cordia New, que são fontes também singelas, fáceis de ler e sem nenhum tipo de “ornamento”. Para esta parte, os versos foram dispostos em círculos e estes, por sua vez, foram dispostos de uma maneira que faz lembrar uma flor. Aqui começa a parte de tipografia mais ligada à natureza. Para complementar isto, o texto de 24 linhas forma uma folha com uma linha de palavras à volta que a enquadram. Todos elementos da natureza para simbolizar essa forte ligação. Aqui, as fontes usadas seguem o mesmo princípio das anteriores, isto é, representam a simplicidade e a harmonia, algumas delas são Calibri, Arial Unicode MS, BatangChe.
Em suma, o paganismo profundo, o viver a vida através das sensações e a anti-metafísica fazem com que Caeiro seja visto como “o mestre”e a simplicidade e a harmonia fazem com que a sua vida seja regida por uma tranquilidade relativa.
Todos os heterónimos de Fernando Pessoa são diferentes, como deu para perceber com este trabalho, mas acabam por se complementar uns aos outros com o que de melhor e de pior têm.


1 http://www.graphicdesignblog.org/black-white-typography-graphic-design/
2 http://graphicdesign.spokanefalls.edu/tutorials/process/type_basics/default.htm
3 http://design.blog.br/design-grafico/o-que-e-tipografia
4 http://www.tipógrafos.net

Álvaro de Campos

Ricardo Reis

Alberto Caeiro